El bom comer y el bem estar del Norte de Portugal

Pedro Cruz es un lisboeta enamorado de su ciudad y de la buena comida al que conocí (virtualmente) hace unos meses, cuando pedía consejo para una escapada en la capital portuguesa. Algunos de los restaurantes de los que os hablé en su momento, consolidados ya o pérolas menos faladas, son recomendación suya. No sé si entonces descubrió su vocación, pero el caso es que por esas fechas arrancaba su propia aventura blogastronómica. Al hilo de una serie de articulos sobre las diferentes regiones españolas, Pedro me pidió una colaboración sobre Galicia, fruto de la cual surgió, en sus propias palabras, la primera coproducción galaico-portuguesa de los blogs gastronómicos del mundo. A cambio, cómo no, yo le pedí a él lo propio: algunas indicaciones que nos puedan ser de utilidad a los gallegos - y a los no gallegos - para dejarnos caer del otro lado de la raia. Os dejo con el original, en portugués, de la segunda coproducción galaico-portuguesa de los blogs gastronómicos del mundo.

O Norte português... onde é o Norte português? Sim, começa no extremo superior do país, mas onde acaba? O que o define como tal?

Na cabeça de um português, a divisão Norte/Centro/Sul não corresponde a uma divisão geometricamente tripartida do país, antes à consideração de três regiões com polo principal nas três cidades historicamente mais importantes. Assim, o Sul será a aparentemente heterogénea região começada por altura de Santarém e acabada na costa algarvia; o centro, a região acima, tendo como referência Coimbra e término acima de Aveiro; o norte, o restante, reclamando o Porto a sua liderança. Com alguma latitude nas fronteiras, poder-se-ão definir os dois grandes rios – o Douro e o Tejo, como fronteiras naturais a esta divisão mais humana... que natural.

Este Norte tacitamente aceite como região é, no entanto, por virtude das condicionantes geográficas que moldaram os seus ocupantes que moldaram a história que, por sua vez os tornou a moldar, um conjunto de duas bem definidas e díspares sub-regiões (cuja denominação deixou de ser oficial): o Minho e Trás-os-Montes.

Trás-os-Montes, terra agreste, de acessos difíceis até há poucos anos, de vales profundos e gargantas apertadas, por onde o Douro passeia, mirado pelos socalcos onde se cultivam as cepas que darão origem ao mais afamado vinho generoso do mundo: o vinho do Porto. O Parque Natural de Montesinho é um ponto de passagem obrigatório, assim como o novo museu do Côa que enquadra e ambienta uma das maiores colecções da gravuras paleolíticas ao ar livre da Europa. E ao longo do Douro, existe a oportunidade de visitar algumas das quintas, nas várias rotas do vinho do Porto.

Mas se as uvas captam aqui todo o seu carácter, é em Vila Nova de Gaia, em frente à cidade do Porto que o néctar é criado. Nas fragas, nos socalcos criados pelos braços transmontanos, fica a raça destas gentes que originou uma gastronomia de “substância” maioritariamente de pratos de carne e caça, preparados no forno ou no espeto, resquícios de um tempo onde a lareira era o centro da casa, aquecendo a família nos longos meses de frio.

E se Trás-os-Montes é o castanho das terras altas, a rugosidade dos penedos, a dureza do tempo, o Minho é a sua antítese, é o verde e o mar. Se no seu vizinho predominam os tintos encorpados, aqui predomina o murmurejar dos vinhos verdes, a leveza do seu gasoso.

O Minho é o lado português da Galiza ou a Galiza é a contrapartida espanhola do Minho: a mesma região, as mesmas raízes, matizadas por alguns séculos de separação administrativa, por centralismos egoístas e opressivos.

Do Minho há tudo para ver, da ousadia de implantação do novo estádio municipal de Braga, aos solares centenários, das paisagens do Parque Natural do Gerês às vilas ribeirnhas do Lima. Da sua gastronomia, rica, variada, ressalto três partos: o caldo verde, o arroz de lampreia e os rojões com arroz de cabidela.

E apesar dos óptimos restaurantes do Porto, prefiro deixar o roteiro de 3 casas que espelham bem o bom comer e o bem estar que o Norte tem para oferecer:

  1. DOC, em Folgosa. Começando na localização – uma plataforma sobre o Douro, na envolvência – em plena região vinhateira, continuando pelo espaço e terminando – ou começando – na cozinha, um experiência a não perder. Conjugando tradição e contemporaneidade, mantendo sabores e renovando métodos, o DOC – Denominação de Origem Certificada, é um marco.
  2. Largo do Paço, em Amarante. Instalado no hotel de charme A Casa da Calçada, o Largo é de uma qualidade irrepreensível, realizando o que eu denominaria por evolução gustativa – a renovação do paladar de pratos da cozinha tradicional. Pratos de renome são o capão (galo castrado) à Freamunde com parfait de castanhas e ouriço-do-mar ou o arroz de enguias com ravioli de cogumelos e molho de açafrão.
  3. A Carvalheira, em Ponte de Lima. Se há restaurante que se posiciona como farol da cozinha minhota, esse restaurante é este. Enchidos e fumados, sarrabulho. Arroz de pato, pernil de porco, arroz de lampreia e o sável, bacalhau com broa, os destaques de uma lista sólida e marcante.

Boa descoberta!

[Las fotos no son mías. Sus respectivas fuentes (wikimedia, nicobilou, sónia y francisco restivo) están enlazadas desde las imágenes]

Comentarios

  1. Pois no DOC comemos na última visita a Portugal. O lugar precioso. Recomendo a todo o mundo que visite a rexion do Douro Vinhateiro (que por certo está declarada Patrimonio da Humanidade). En canto ao restaurante, gustounos, pero no momento pareceunos que por ese prezo en Galicia poderíamos comer mellor en bastantes sitios. Creo recordar que tomamos o Menu de Azeite no que en todos os pratos estaba presente o aceite da zona. Os entrantes fantásticos pero os principais non nos gustaron tanto. O precio creo algo menos de 50 euros por menu. De volver posiblemente probase o degustación. Por certo recomendaronnos un viño branco portugués que nos gustou moito pero do cal non recordo o nome.
    Manuel

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  2. Texto muito interessante.
    Obrigado por usar a minha foto...
    Francisco

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